As epilepsias são caracterizadas por uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro. Assim, durante alguns segundos ou até minutos, parte do cérebro do paciente não emite os sinais corretos. Estes que podem ficar restritos a esse local ou então se espalhar para o restante do cérebro.
Nesse sentido, são chamadas crises epilépticas parciais quando os sinais elétricos estão desorganizados em apenas uma parte do cérebro. Já as crises generalizadas ocorrem se a desorganização afeta os dois hemisférios cerebrais. Muitas vezes, elas desaparecem espontaneamente, mas podem voltar a se repetir de tempos em tempos.
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As epilepsias podem ser causadas por traumatismos cranianos, trauma no momento do parto, uso abusivo de álcool e drogas, tumores cerebrais, malformações congênitas do córtex cerebral (exemplo: displasias corticais), meningites, encefalites, AVC e outras doenças neurológicas.
Tratamento das epilepsias
Quando o tratamento clínico isolado é insuficiente para o controle das epilepsias, o tratamento cirúrgico pode estar indicado.
O objetivo primordial da cirurgia é ressecar a área epileptogênica. Isto é, a área cerebral cuja atividade elétrica anormal provoca as epilepsias. Para tal fim, geralmente se faz necessária a abertura convencional do crânio para sua remoção. Tal é o caso de doenças como, por exemplo, malformações congênitas do córtex cerebral, esclerose temporal mesial (uma espécie de cicatriz em estruturas internas do lobo temporal: amígdala cerebral e hipocampo) e tumores cerebrais, dentre outras. Às vezes, todo o hemisfério cerebral está comprometido, como na encefalite de Rasmussen. Nesse caso, este hemisfério precisa ser removido como um todo (hemisferectomia) ou, mais comumente, completamente desconectado (hemisferotomia funcional).
Em certas situações, todavia, não existem lesões claras identificáveis nos exames de imagem, como a ressonância magnética, ou existem lesões cuja remoção poderia provocar sequelas inaceitáveis. Lesões localizadas no hipotálamo, por exemplo, como os hamartomas, não são ressecáveis. Nesta eventualidade, utilizando a técnica estereotáxica, pode-se implantar um eletrodo nesta lesão e, assim, cauterizá-la usando-se a radiofrequência.
Podemos também lançar mão da neuromodulação. DBS do hipocampo, localizado no lobo temporal, é uma técnica também viável para o tratamento das crises epiléticas parciais provocadas pela esclerose temporal mesial. DBS de uma região do tálamo, denominada núcleo anterior, pode ser também útil para o tratamento das epilepsias parciais. Por fim, para o tratamento das epilepsias generalizadas, podemos lançar mão da DBS de uma região o tálamo, denominada núcleo centromediano, ou da estimulação do nervo vago.