Dor crônica

A dor é considerada crônica quando dura mais de três meses; se estende por mais de um mês após a cura da lesão ou então problema que a causou; desaparece e surge novamente durante meses ou anos; ou está associada a uma doença crônica (diabetes, câncer e fibromialgia, por exemplo).

 

A dor crônica pode decorrer de uma variedade de condições que afetam a função do sistema nervoso. Como, por exemplo, AVC, neuralgia do trigêmeo, neuropatias (inflamações dos nervos), lesões do sistema nervoso (traumatismo da medula espinhal e lesão dos nervos periféricos), câncer disseminado e outras doenças neurológicas.

 

 

O objetivo do tratamento cirúrgico é, de fato, aliviar a dor. Entretanto, muitas vezes, não é possível ter um resultado 100% positivo. Assim, o mais comum é que a cirurgia consiga reduzir, consideravelmente, a frequência ou intensidade da dor, bem como o número e dose dos medicamentos.

 

Entre as técnicas cirúrgicas utilizadas para aliviar a dor crônica, eventualmente minimamente invasivas e realizadas sob anestesia local e sedação, podemos destacar:

Neuromodulação para dor crônica

 

  • Infiltração de nervos periféricos, plexos ou raízes nervosas: é um procedimento minimamente invasivo. Guiado ou não por fluoroscopia (raio-x) ou ultrassonografia, um anestésico local é injetado na adjacência destas estruturas nervosas para promover alívio temporário da dor. Portanto, quando realizado repetidamente, em intervalos de poucos dias, a analgesia obtida pode ser mais prolongada ou mesmo permanente.
  • Implante de eletrodo para estimulação cerebral: geralmente utilizando-se a técnica estereotáxica, eletrodos são implantados em estruturas relacionadas ao processamento da dor, de forma a inibi-la. Os principais alvos cirúrgicos são: núcleo sensitivo do tálamo, perna posterior da cápsula interna, substância cinzenta periventricular/periaquedutal e córtex motor.
  • Implante de eletrodo para estimulação medular: o eletrodo é implantado na coluna, atrás da medula espinhal. Então, a estimulação elétrica inibe a transmissão da informação de dor.
  • Implante de eletrodo para estimulação de nervos: eletrodos são implantados na adjacência do nervo occipital maior ou do ramo oftálmico do nervo trigêmeo a fim de tratar a enxaqueca e neuralgia occipital.
  • Infusão intraventricular ou intrarraqueana (intratecal) de drogas: catéteres são implantados nos ventrículos cerebrais (intraventricular) ou no interior da coluna (intrarraquiana), ao redor da medula espinhal. Então, são conectados a uma bomba eletrônica que é implantada abaixo da pele. Esta bomba é preenchida com drogas como, por exemplo, a morfina e o baclofeno (usadas para o tratamento da dor e da espasticidade), liberando-as contínua e diretamente no cérebro ou na medula espinhal.

 

Cirurgias Ablativas

 

  • Rizotomia dorsal: guiado por fluoroscopia, um eletrodo é inserido nas raízes dorsais ou posteriores dos nervos espinhais, local onde a via da dor é interrompida por cauterização. Este procedimento é minimamente invasivo e feito por via percutânea.
  • Lesão percutânea do nervo trigêmeo: guiado por fluoroscopia ou tomografia, uma agulha ou eletrodo é inserido através de um orifício por onde o nervo trigêmeo sai do crânio. Assim, atinge o seu gânglio, onde este nervo divide-se em seus três ramos (por isso este nervo é denominado trigêmeo). Isto feito, pode-se proceder a lesão do nervo trigêmeo por cauterização com radiofrequência, por compressão com balão ou utilizando-se uma substância química (glicerol). Estes são os procedimentos percutâneos realizados para o tratamento da neuralgia do trigêmeo, descrita como a mais intensa de todas as dores.
  • Cordotomia percutânea: um eletrodo é inserido na parte mais alta da medula espinhal, logo abaixo do crânio, guiado por fluoroscopia ou tomografia. Então se procede a interrupção por cauterização da via da dor. Este procedimento é minimamente invasivo e feito por via percutânea. Sem dúvida, é muito útil para o tratamento da dor associada ao câncer disseminado (dor oncológica).
  • Lesão estereotáxica: utilizando-se a técnica estereotáxica, eletrodos são implantados em estruturas relacionadas ao processamento da dor. Então, se procede a cauterização para a inativação das mesmas, promovendo, assim, o alívio da dor. Os seguintes são os principais alvos cirúrgicos: tálamo medial e região medial do mesencéfalo.

Entre em contato: